Programa paroquial

sábado, 27 de outubro de 2012

«Mestre, que eu veja»

“Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem”. A citação é do Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago.

A história do Bartimeu )Mc 10, 46-52) é a de um cego que quer ver. E sabe onde encontrar a vista. A vista e a vida. A alegria de saber o caminho a seguir. Apesar dos obstáculos da multidão que o quer calar, não desiste da sua busca do «Filho de David», o Messias esperado, aquele que os profetas anunciaram como o que vem dar vista aos cegos.

E aí está ele, persistente, na sua busca. E Jesus escuta-o. Manda-o chamar. Agora já com o apoio daqueles que são enviados por Jesus: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te». Missão grande a daqueles que acolhem o desafio de Jesus para dar luz ao olhar dos homens: encorajar, fazer levantar, recordar que Ele chama e ama, e por isso faz recuperar a Vida.

Por vezes também nós "estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que vendo não vêem"... e precisamos de reconhecer que só Ele é capaz de dar visão nova à vida. Também nós, ao lado de Jesus, podemos assumir esta missão de ser, no mundo, fonte de esperança: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te».

sábado, 20 de outubro de 2012

Quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo

Reflexão no Guião para o Outubro Missionário relativo a este 29º Domingo do Tempo Comum:

Quem é o maior? Que lugar posso assegurar na escala da importância e do reconhecimento, diante dos outros e do próprio Deus? Tudo serve para hierarquizar as pessoas e os grupos, muitas vezes – teremos que o admitir, com humildade –, também na Igreja. O nome, a riqueza, a educação, a notabilidade, os cargos, o vestuário, a casa. Tudo pode servir para recordar ao outro que estou à sua frente, que sou mais do que ele, que a razão e a força estão do meu lado. Até a caridade e a piedade podem servir para assegurar um bom lugar diante de Deus – “pago o dízimo de tudo”; “dou-te graças por não ser como aquele pecador”.

Desde que fomos dados à luz, há um medo que nos assalta, o de não sermos suficientemente reconhecidos e amados. Desde Adão e Eva, a voz da serpente insinua no coração humano a dúvida de que Deus não cuida suficientemente de nós. Então, quando a confiança dá o lugar ao medo, o outro torna-se rival, aquele que me pode roubar o lugar e limitar o espaço. Bastaria recordar a história dos irmãos Caim e Abel. Nasce o desejo de afirmação. Montam-se estratégias de protecção contra todos os que podem usurpar o que considero vital para mim, umas mais rudes, outras mais refinadas. Do medo de não ser (filho) único e de não ser reconhecido, nascem estratégias de defesa e de ataque, para ficar à frente, para não ficar para trás. Tantas vezes, à custa dos outros. Devo ser um herói, a qualquer preço. Por isso, incho-me quando me consigo afirmar e deprimo-me quando me sinto derrotado.

“Convosco, não deverá ser assim”. “Reparem no Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para dar a vida por todos”, inimigos incluídos. Para que cada um tenha vida, Ele oferece a sua. Ele é o Filho, aquele que conhece e se reconhece no afecto do Pai, de quem tudo recebe. Não tem que assegurar ou conquistar o que quer que seja, porque, como Filho, já tem tudo. Por isso, pode oferecer-se. Sendo o Unigénito, torna-se o Primogénito, o primeiro de muitos irmãos. Partilha, com cada homem e cada mulher, a filiação divina, estando disposto a assumir a sua condição de carne e de sangue e a atravessar a prova derradeira da morte – o medo de não ser suficientemente amado. Obedecendo até à morte de cruz, pôs a sua confiança total no Pai e, assim, nos assegurou que, no afecto do Pai, há muitas moradas, uma morada única para cada filho. Foi glorificado porque se fez obediente. É o primeiro porque se faz o último, compadecido das fraquezas de todos.

Na Europa ou em África, na América ou na Ásia, não há outro caminho para estar à direita ou à esquerda no Reino dos Céus se não o da entrega de si. É este o cálice que celebra a comunhão com o Senhor. Não há atalho alternativo para vencer a morte e assegurar a vida. Da comparação mortífera com o outro que leva a proteger o próprio lugar contra ele, só nasce ressentimento e morte. Mas, pela entrega de si pela vida do outro, aí, já se saboreia a vida plena, aquela que se gera na confiança de que somos filhos em quem o Pai põe todo o seu afecto. No amor não há temor. Nem comparação ou desejo de ficar à direita ou à esquerda, porque o Pai garante a cada um o melhor lugar, aquele que se cede ao irmão. Nesta forma de vida estará a força do enviado.

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sábado, 13 de outubro de 2012

Um olhar de simpatia...

O homem que se aproxima de Jesus procura «alcançar a vida eterna»... mas falta-lhe uma visão certa desta «Vida». Fica-se pelo “fazer”... Jesus convida-o a mudar de lógica: não se trata de vida eterna a ganhar, mas de seguir Jesus. Como se a vida eterna fosse estar com Jesus! Eis a grande transformação que Jesus vem provocar. Não se trata primeiro de fazer esforços para obedecer a mandamentos; trata-se primeiro de entrar numa relação de amor com Jesus. Mais profundamente ainda, trata-se primeiro de descobrir que Jesus, Ele em primeiro lugar, nos ama.

É neste contexto que se compreende a referência de Marcos: “Jesus olhou para ele com simpatia (amor)”. É este olhar que transforma tudo. Jesus quer fazer compreender ao homem rico que lhe falta o essencial: deixar-se amar em primeiro lugar, descobrir que todos os seus bens materiais nunca poderão preencher esta necessidade vital para todo o homem de ser amado. As riquezas do homem impediram-no de ler tudo isto no olhar de Jesus. O homem partiu. Mas Jesus não lhe retirou o seu olhar de amor.. 

20 e 21 de Outubro: Festa das Colheitas


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Deixai vir a Mim as crianças...


No dia em que começam os encontros da catequese na paróquia, o texto do Evangelho coloca-nos perante um quadro curioso: os discípulos querem afastar as crianças que estão a ser levadas a Jesus, e este que os repreende: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis...»

Perante este quadro, uma primeira questão que todos podemos colocar é precisamente essa: será que estamos a estorvar as crianças, os adolescentes, os jovens de chegar até Jesus?

Mas se o primeiro passo é, pelo menos, não estorvar, os educadores são convidados a assumir uma atitude positiva: levar até Jesus. A educação para a fé é, em primeiro lugar, o proporcionar do espaço de encontro com Jesus, facilitar este contacto para que possa realizar-se aquela que é a missão da catequese e de toda a comunicação da fé: pôr não só em contacto, mas em comunhão e intimidade com a pessoa de Jesus Cristo. Pais, catequistas, professores, educadores, toda a comunidade é convidada a tornar-se facilitadora de encontro.

O Ano da Fé é um desafio ao encontro: acolher Aquele que vem ao nosso encontro para nos dar vida, viver a fé como uma experiência de um amor recebido, e comunicá-la como uma experiência de graça, beleza e alegria.

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